Associação Planalto Central

História da Igreja Adventista no Planalto Central

História da Igreja Adventista no Planalto Central


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Nasce Uma Igreja

Brasília foi inaugurada como a capital do Brasil no dia 21 de abril de 1960. Na época, o país era governado pelo presidente Juscelino Kubitschek. Com uma arquitetura moderna e planejada, diferente de qualquer cidade brasileira, Brasília nasceu como uma obra de arte, esculpida pela mente ousada de seu arquiteto Oscar Niemeyer.

Em 1957, antes mesmo da inauguração da nova capital Federal, uma mensagem de amor e esperança anunciada pela Igreja Adventista do Sétimo Dia começou a ser propagada graças à dedicação de Walter Leão e sua esposa Antônia Leão. O casal abriu as portas de seu lar em Candangolândia para promover frequentes encontros com algumas poucas pessoas, a fim de adorarem a Deus.

Em pouco tempo, o casal precisou se mudar para a cidade do Núcleo Bandeirante. E mesmo lá, os encontros evangelísticos continuaram acontecendo.

No ano em que Brasília foi inaugurada, 1960, houve uma nova mudança. Walter e Antônia passaram a viver na cidade do Gama. O endereço era novo, mas a paixão pela missão continuava a mesma. Outras pessoas nutriam a mesma paixão do casal e se colocaram nas mãos de Deus para fazer a missão avançar em Brasília. 

IGREJA CENTRAL

Clayton Rossi, Procurador da República, já era adventista. Natural de Belo Horizonte, Minas Gerais, ele residia em Brasília. Movido pela missão, Clayton iniciou uma verdadeira maratona para conseguir, junto ao Governo Federal, um grande terreno que ia da Avenida L-2 até a Avenida L-3. Como fruto daquele esforço, a propriedade foi adquirida. Atualmente o terreno abriga a Igreja Adventista Central de Brasília, a Escola Adventista Asa Sul e a sede da Divisão Sul-Americana.

O estabelecimento efetivo da Igreja Central de Brasília ocorreu a partir do ano 1967. Inicialmente, no terreno adquirido foi edificado um salão que passou a ser conhecido como Capela Azul. Era lá que os primeiros adventistas se reuniam enquanto o templo estava sendo construído. Posteriormente, o espaço passou a ser utilizado por juvenis e jovens.

Finalmente, depois de algum tempo de espera, o templo da Igreja Central de Brasília foi inaugurado. No dia 8 de dezembro de 1968 quase 60 adventistas assinaram a ata de inauguração. Alguns dos membros que prestigiaram a cerimônia são atuantes até hoje na propagação do evangelho.

Um fato curioso ocorreu um dia antes da inauguração da Igreja Central de Brasília. Houve um temporal que trouxe grandes prejuízos não só para a cidade, mas também para o novo templo.

Devido à grande chuva, os ralos e grelhas não foram suficientes para dar vazão a toda água do temporal, que entrou com força na igreja, levando lama e sujeira para seu interior.

Entretanto, as poucas famílias que congregavam na Capela Azul se uniram e passaram parte da noite e da madrugada retirando a água da chuva de dentro da igreja. Elas lavaram, limparam, retiraram a lama e recolheram todo o lixo, de modo que no sábado de manhã os convidados que chegariam de várias partes do Brasil e do exterior encontrariam o templo limpo e pronto para a tão almejada inauguração.

Já nos anos de 1969 e 1970, a Igreja Central, juntamente com a Associação sediada em Goiânia, fundou a Escola Adventista de Brasília, hoje conhecida como Colégio Adventista da Asa Sul.

Desde seus primórdios até os dias atuais, a Igreja Central de Brasília se consolidou como uma grande comunidade adventista, que além de ser grande em seu porte, tem influência direta sobre outras igrejas da capital federal.

TAGUATINGA

Enquanto a Igreja Adventista dava seus primeiros passos na região central de Brasília, a pregação do evangelho chegava em outra região do Distrito Federal.

Em 1956, um colportor que residia no Paraná sentiu um forte desejo de pregar o evangelho para seus familiares, que moravam em Goiás. Com esse propósito em mente, ele arrumou as malas. Rosalvo Arcanjo Novais decidiu colportar na cidade de Formosa, pois desta forma trabalharia próximo de seus familiares.

Naquela época, a construção de Brasília era o assunto do momento. O jovem sonhador decidiu trabalhar no Núcleo Bandeirante, uma Região Administrativa do Distrito Federal.

Durante três semanas ele imaginou que era o único adventista perdido naquele mundo de poeira. Mas em um sábado pela manhã, enquanto estudava a Bíblia às margens de um riacho, três homens bem vestidos se aproximaram dele. O culto que começou solitário terminou com um grupo pequeno de adventistas. Eram os irmãos Abner, Valter Leão e Albino Dias.

Rosalvo foi colportar em um hospital e lá ofereceu seus materiais a um paciente acamado e febril. A resposta veio em forma de uma pergunta direta: “Você é colportor?” O paciente era o irmão Quirino, também adventista.

Aqueles pioneiros moravam em casas populares no Núcleo Bandeirante. De um momento para o outro, o poder público os remanejou para Taguatinga. Foram dias difíceis. Famílias inteiras passaram noites a céu aberto.

Por terem mais habilidades com o serviço de carpintaria, os irmãos Tonico, Abner e Ponciano ajudavam os demais a construírem seus barracos. Os cultos eram realizados na casa do trio. Os barracos de Geraldo, Abner, Rosalvo, Celina, João de Melo e de muitos outros serviram de "berço" para a Igreja naquela região.

O primeiro batismo em Taguatinga ocorreu no dia 14 de fevereiro de 1959. Francisco Merêncio e sua esposa Maria Brito foram batizados. Estava nascendo a primeira Igreja Adventista do Sétimo Dia em Brasília: a Igreja de Taguatinga.

Rosalvo menciona uma extensa lista de pioneiros que, vindos de diferentes regiões do país, formaram o núcleo da Igreja Adventista do Sétimo Dia no Distrito Federal.

Em abril de 1960, a primeira família pastoral chegou a Brasília. Vindos da cidade de Ituiutaba, Minas Gerais, o pastor José Dias Campos e sua esposa Nildes se emocionam ao relembrar o passado. Os desafios eram grandes, sendo um deles, a dificuldade de ter água potável para as necessidades mínimas da família.

Conseguir um terreno para a construção da igreja foi outro grande desafio. A primeira opção foi uma área pequena prensada entre dois lotes. O pastor Campos pediu a Deus que providenciasse uma área maior e de frente para alguma avenida.

O resultado das orações foi um espaço duas vezes maior e de frente para uma avenida, exatamente como Campos pediu a Deus. Logo um barraco foi construído e por algum tempo serviu como local de culto. No dia 25 de março de 1962, em uma comovente cerimônia, foi lançada a pedra fundamental.

A grande festa de inauguração e dedicação foi fixada para o dia 12 de outubro de 1963. Autoridades e população foram convidadas. Naquele dia especial os membros chegaram mais cedo para uma última e rápida reunião no rústico barraco.

Lentamente o grupo se retirou e se posicionou em frente à igreja. Pontualmente às 9 horas, o administrador de Taguatinga desatou a fita inaugural e o pastor Roberto Azevedo girou a chave para abrir as portas do templo.

Em 14 de novembro de 1964, a igreja foi organizada. No mesmo ano começou a funcionar a Escola Adventista, hoje Colégio Adventista de Taguatinga.

Com a bênção de Deus, a igreja cresceu. Após Taguatinga, também nasceram a Igreja Central de Brasília, Taguatinga Norte, Taguatinga Sul, L-Norte, Ceilândia Sul, Areal e muitas outras, desde então.

Aquele início foi marcado por desafios, sacrifícios e muita fé. Uma geração de homens e mulheres impulsionados pelo amor a Cristo e à missão que deram tudo o que tinham para contribuir com a salvação de milhares de vidas no Planalto Central.

POSSE

Com o evangelho florescendo em algumas regiões do Distrito Federal, em 1959, na divisa da Bahia, região nordeste de Goiás, um pequeno povoado reunia moradores que enfrentavam os desafios da vida no campo. Sem muita tecnologia, o trabalho braçal na terra era uma das principais atividades da região.

Enquanto trabalhava no arado, o fazendeiro José Dias fazia reflexões sobre a vida. Com muitas indagações, o homem ganhou uma Bíblia de um protestante. Durante vários dias, por horas seguidas, ele estudou o sagrado livro.

Um dia, sentado em sua mesa de madeira maciça, ao som do cacarejo das galinhas e dos animais da fazenda, José estudava a Bíblia. Ele se deparou com alguns textos contendo princípios e valores que sua até então denominação não seguia. Aquilo o deixou intrigado.

Determinado, José foi até a paróquia da cidade e questionou o padre sobre o sábado. “Por que a nossa igreja guarda o domingo e não o sábado?”, perguntou. O padre lhe deu uma resposta rasa, nada convincente. Insatisfeito, o fazendeiro passou a estudar a Bíblia com mais afinco.

José começou a orar de forma diferente. Em suas petições, suplicava que Deus lhe mostrasse o caminho correto. Ao estudar a Bíblia, fazia anotações e novas descobertas. Convencido de que o sábado é o verdadeiro dia de guarda, começou uma busca incessante por pessoas que guardassem o dia santo de Deus.

Naquele mesmo ano, uma família adventista da Paraíba chegou à cidade de Posse. O senhor Manoel Farias e seus dois filhos, Boás e Alfredo, alugaram uma casa e passaram a ensinar o amor de Deus na região.

Três anos depois, o pai de José trabalhava na fazenda quando recebeu a visita da família Farias. Manoel conversou com o velho fazendeiro e lhe apresentou uma mensagem de amor e esperança. Eles falaram da Bíblia, de Jesus e do futuro. Incrédulo e sem interesse, o pai de José recusou continuar a conversa, mas disse que daria o endereço de José, pois ele possuía uma Bíblia.

Era um dia de sábado. José estava no engenho fazendo melado e rapadura quando a família Farias chegou ao local para pregar sobre a palavra de Deus e oferecer um estudo bíblico. José prontamente aceitou. 

Os desafios daqueles pioneiros adventistas eram imensos. Eles precisavam enfrentar as estradas cheias de obstáculos, mas o desejo forte de pregar, de espalhar ao mundo as verdades de Jesus Cristo era maior do que todos os problemas. Sendo assim, durante oito sábados José estudou a Bíblia com a família Farias e no último encontro pediu pelo batismo.

José abandonou a velha vida e foi batizado no Rio Prata pelo pastor Altamir de Paiva. Animado, ele liderou a primeira Escola Sabatina na fazenda Jatobá.

A partir de então, a mensagem bíblica de salvação foi se disseminando pela redondeza de Posse. Os irmãos de uma localidade chamada Cachoeira também começaram a congregar no Jatobá até o ano de 1968, quando um senhor ofereceu uma varanda para que fosse realizada a Escola Sabatina, que passou a acontecer também em Cachoeira. Em 1972, foi construída a primeira Igreja Adventista da região, feita totalmente de barro.  

Com o passar do tempo a igreja cresceu. Cerca de 100 pessoas se reuniam para louvar e adorar a Deus.

Hoje, muitos anos depois daquele estudo bíblico dado por Manoel a José, o número de adventistas aumentou, dando origem a muitas outras congregações na região. O resultado daquele simples começo é a existência de um distrito pastoral na cidade de Posse e Entorno, com 11 congregações e mais de 700 membros batizados, além de ter impulsionado a pregação em todas as cidades da redondeza.

LUZIÂNIA

Com o evangelho avançando na região Noroeste do estado de Goiás, Deus levantou missionários na região de Luziânia. A mensagem adventista chegou por lá em 1959, na fazenda Veríssimo, por meio de uma série de evangelismo realizada por um pastor americano. Como resultado da semana especial, quatro pessoas foram batizadas e se tornaram pioneiras adventistas na pequena fazenda. Um ano depois, o trabalho dos quatro adventistas multiplicou o número de fiéis: outras seis pessoas foram batizadas.

Simultaneamente, quatro grupos em fazendas de Luziânia se reuniam para aprender mais sobre a palavra de Deus.

Ainda na fazenda Veríssimo, Antônio Carvalho, que na época tinha 30 anos de idade, era professor de uma pequena escola que era usada para a realização de cultos aos sábados. Nos intervalos das aulas, o professor convidava os alunos para assistirem aos cultos de sábado.

Não havia muitas cidades no Entorno de Brasília, apenas lugares desertos que exibiam muito barro e poeira. Em 1970, os colportores João Batista Macedo e Orestes, ambos de Goiânia, realizaram o trabalho de colportagem em Luziânia e foram convidados pelo pastor Lapim Nunes para ajudar na escola da fazenda Veríssimo.

A mensagem daqueles pioneiros transformou dezenas de vidas. A igreja de Deus cresceu e fez surgir a necessidade de se construir um templo. 

Em 1970, os colportores fundaram na cidade de Luziânia uma simples igreja, construída com tábuas. Logo depois, os membros uniram forças e construíram outro templo. Desta vez a igreja foi edificada com barro, e posteriormente se tornou a igreja central da cidade.

Atualmente, Luziânia é sede de um distrito pastoral, com 12 congregações frequentadas semanalmente por quase 800 membros adventistas.

CONCLUSÃO

A Bíblia indica que o reino de Deus se assemelha a um grão de mostarda. No início a árvore é pequena, mas com o passar do tempo ela cresce e serve de abrigo para as aves do céu, que se aninham em seus ramos.

A obra missionária no Planalto Central começou de forma simples e modesta no fim dos anos 50. Deus usou uma geração de pessoas apaixonadas pela missão. Uma geração de pioneiros que anteviu o crescimento de uma igreja pujante, vibrante e dedicada. Organizada há mais de 25 anos como Associação, a APlaC carrega o legado da visão missionária de colportores, carpinteiros, procuradores, obreiros, pastores e muitos outros membros pioneiros. De fato, a Igreja no Planalto Central cresceu e se desenvolveu sobremaneira. 

Temos igrejas grandes, espaçosas e significativas. Escolas e colégios estrategicamente construídos nas principais cidades da região. Colportores comprometidos que continuam levando as boas novas da salvação a todos os lugares por meio da literatura que salva. No entanto, o maior de todos os valores da Associação Planalto Central é o compromisso de cada membro da igreja e de cada estrutura existente com a salvação de novos discípulos para o reino de Deus. Quer seja uma classe bíblica, estudo bíblico, pequeno grupo, evangelismo público ou um Clube de Desbravadores, o propósito final é preparar um povo para a volta de Jesus.

No grande Planalto Central, de norte a sul e de leste a oeste, Deus usa e continuará usando homens, mulheres, meninos e meninas para levar adiante a tocha da verdade que um dia foi empunhada por aquela geração inicial a fim de que Jesus volte em breve.

Eles começaram a missão, e pela graça de Deus, nossa geração vai terminá-la!

Clique aqui e veja mais testemunhos de pessoas que fazem parte de uma geração missionária e tiveram a vida transformada pela atuação do Espírito Santo.

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